domingo, 18 de agosto de 2013

Prejuízos com ataques em protestos em Campinas chegam a R$ 177,8 mil

 

18/08/2013 11h04 - Atualizado em 18/08/2013 11h04

Gasto na Prefeitura e Câmara pagaria creche de 1,2 mil crianças por 1 mês.
Cientista político defende que depredação é estratégia dos manifestantes.

Marcello Carvalho Do G1 Campinas e Região
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Milhares de pessoas se reuniram em frente o Paço Municipal no dia 20 de junho (Foto: Gustavo Magnusson/G1)Milhares de pessoas se reuniram na Prefeitura
no dia 20 de junho (Foto: Gustavo Magnusson/G1)
O valor que o contribuinte de Campinas (SP) terá que pagar pelos atos de vandalismo durante os protestos pela melhoria nos serviços públicos será de pelo menos R$ 177,8 mil. A quantia, que reúde os danos causados com a quebra de vidros do Paço Municipal e de pontos de ônibus do Centro da cidade, além dos móveis e equipamentos da Câmara de Vereadores, daria para manter, por mês, 1.193 crianças, com idades entre 3 e 5 anos, em uma creche por meio período, segundo dados da Secretaria de Municipal de Educação.
Além disso, esse valor também seria o suficiente para pagar dez meses o salário do prefeito Jonas Donizette, que é de R$ 17.181. A Prefeitura afirmou que os comerciantes que tiveram suas lojas saqueadas ou depredadas durante os protestos não serão ressarcidos pela administração municipal porque isso não é função do poder público.
O cientista político Valeriano Costa acredita que esses atos de vandalismos são estratégias de alguns grupos para atingir o governo tanto na esfera econômica quanto política. "Isso é estruturado de parte de alguns manifestantes. Essas depredações são pensadas para atingir economicamente os cofres da administração e desestabilizar polticamente as autoridades. Isso é um dilema porque é o contribuinte que paga, mas o que eles querem mesmo é fazer o governo gastar dinheiro e tirar a autoridade do governante", afirma.
Para Costa, a polícia precisa identificar essas pessoas para fazer ações preventivas que impeçam os atos de vandalismo. "Não dá para a polícia combater isso no mesmo momento que está ocorrendo essas depredações. A ação tem que ser preventida, de identificar essas pessoas por imagens de câmera de segurança para que eles não se infiltrem no meio das manifestações", completa.
Vidros nos pontos de ônibus da Avenida Anchieta foram substituídos por grades (Foto: Marcello Carvalho/G1)Vidros nos pontos de ônibus do Centro foram
trocados por grades (Foto: Marcello Carvalho/G1)
Danos ao patrimônio
Depois de ter os vidros do Paço Municipal quebrados no protesto do dia 20 de junho, quando milhares de pessoas foram às ruas de Campinas e uma parcela entrou em conflito com a Polícia Militar e a Guarda Municipal, a Prefeitura gastou R$ 75,8 mil para realizar os reparos. Foram usados 182,85 metros quadrados de vidro comum de 5 milímetros, 126,32 metros quadrados de vidro aramado de 6 milímetros e 70 metros quadrados de vidro laminado, que é blindado, e conhecido no mercado como 8 milímetros mais 8 milímetros.
Nos pontos de ônibus, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) optou por uma medida de segurança e substituiu os vidros quebrados com grades, para não correr riscos de ter mais prejuízos em futuros protestos que possam acontecer na cidade. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, os gastos para colocar as grades foram de R$ 27 mil. Além disso, a depredação de quatro semáforos e um ponto de radar custaram mais R$ 25 mil aos cofres públicos.
Com a retirada dos vidros de 25 pontos de ônibus e a instalação de grades, a população não consegue consultar os horários das linhas, já que as informações eram impressas em um papel afixado aos vidros. O frentista Hélio Gomes, que usa o transporte público todos os dias na parada da Avenida Anchieta, em frente à Prefeitura, afirmou que desde que o informativo foi retirado, ele está tendo muitos problemas. "Antes a gente sabia os horários e quais linhas passavam no ônibus. Agora não dá pra saber mais nada. Precisam dar um jeito nisso", disse.
A Emdec admitiu a ausência dos informativos nos pontos de ônibus e afirmou que vai fazer a reposição o mais rápido possível.
Invasão no Legislativo
Os gastos para reparar os danos causados pela depredação de móveis e de aparelhos eletrônicos na Câmara Municipal de Vereadores foram de R$ 50 mil. Na noite de 7 de agosto, manifestantes que pediam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes, além da saída do secretário da pasta, Sérgio Benassi, ocuparam o plenário do Legislativo.
Na ocasião, 138 pessoas, entre elas 30 menores de idade, foram detidos e encaminhados ao 5º Distrito Policial. O presidente da Casa, Campos Filho (DEM), avaliou a ação como criminosa e chamou os manifestantes de facínoras e bandidos. Para o cientista político Valeriano Costa, essa 'guerra' travada com a presidência do Legislativo também é um plano dos manifestantes. "É uma necessidade de travar uma guerra entre bem e mal. Para eles, serem chamados de bandidos pelo presidente da Câmara é bom porque causa essa disputa intelectual entre os manifestantes e o poder público", explica.
O delegado responsável pelo inquérito da ocupação na Câmara, Hamilton Caviola Filho, ainda analisa as imagens sedidas pelo próprio Legislativo e também por emissoras de TV para individualizar as condutas e identificar a ação dos vândalos. Os vândalos podem responder pelos crimes de dano ao patrimônio público, com pena de seis meses a três anos de prisão, e resitência, que prevê detenção de dois meses a dois anos.
Manifestantes ocupam a Câmara de Vereadores em Campinas (Foto: Lana Torres / G1)Manifestantes ocupam a Câmara de Vereadores em Campinas (Foto: Lana Torres / G1)

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