sexta-feira, 16 de agosto de 2013

PSDB quer informações sobre verba federal repassada ao Fora do Eixo

 

15/08/2013 19h09 - Atualizado em 15/08/2013 21h38

Grupo apoia projetos culturais como a Mídia Ninja, que transmitiu protestos.
Requerimento ainda precisa ser aprovado pela Mesa Diretora do Senado.

Felipe Néri Do G1, em Brasília
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O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) durante discurso no plenário do Senado (Foto: Agência Senado)O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
(Foto: Agência Senado)
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), protocolou nesta quinta-feira (15) no plenário do Senado requerimento que solicita informações aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, de Minas e Energia, Edison Lobão,e da Cultura, Marta Suplicy, sobre  repasse de recursos federais para o grupo de coletivos culturais Fora do Eixo, responsável pelo coletivo de jornalismo Mídia Ninja.

O Fora do Eixo tem convênios assinados com o governo federal. O Mídia Ninja ficou conhecido nacionalmente por fotografar, filmar e transmitir pela internet, em tempo real, as manifestações ocorridas nas ruas do país nos últimos meses. Aloysio Nunes quer explicações da liberação de verbas ao Fora do Eixo feito pela Petrobras, pelo Banco do Brasil e pelo Ministério da Cultura ao grupo.
O requerimento ainda precisa ser aprovado pela Mesa Diretora do Senado. Caso seja aprovado, as autoridades terão 30 dias para responder aos questionamentos, sob risco de ter de responder por crime de responsabilidade. Os requerimentos se baseiam em reportagem publicada pela revista “Veja” que informa que o fundador do Fora do Eixo é ligado a líderes do PT. O documento solicita informações sobre o montante dos recursos, os mecanismos de repasse, os projetos beneficiados e os critérios de seleção estabelecidos para a liberação de recursos, além das formas de prestação de contas e fiscalização.
“Quero saber de onde vêm recursos que financiam determinado blogs que são evidentemente manipulados por partidos políticos, nesse caso preciso o PT. Logo recebe recursos de empresas federais, de órgãos federais”, disse Aloysio. “Agora, essa Mídia Ninja faz uma crítica dura à chamada mídia tradicional, dizendo entre outras coisas que essa mídia tradicional está comprometida com seus anunciantes. Quero saber de onde vêm os recursos que permitem essa agencia de notícias informal, que no fundo emprega muita gente”, completou.
O G1 entrou em contato com Pablo Capilé, fundador do Fora do Eixo, pedindo que ele comentasse o caso. Capilé pediu que o G1 enviasse as perguntas por e-mail, o que foi feito às 21h20.
Pablo Capilé e Bruno Torturra no 'Roda Viva' (Foto: Divulgação/TV Cultura)Pablo Capilé e Bruno Torturra no programa 'Roda
Viva', da Cultura (Foto: Divulgação/TV Cultura)
Críticas e respostas nas redes sociais
Mensagens com críticas ao Fora do Eixo passaram a ser mais compartilhadas no Facebook e no Twitter a partir do dia 5 de agosto. Nesse dia, Bruno Torturra e Pablo Capilé, idealizadores da Mídia Ninja, participaram do programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Em seu perfil no Facebook, a cineasta Beatriz Seigner, do filme “Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano”, comentou sua relação com o Fora do Eixo. Segundo ela, o coletivo arrecadou dinheiro com sessão do longa-metragem, sem permissão dela. O valor para exibição só foi pago para a diretora "mais de 9 meses depois", relatou ela. Beatriz também contou que o coletivo quis incluir a marca do Fora do Eixo em cartazes do filme, sem pagar por isso. Ela não aceitou (veja o post completo de Beatriz Seigner) A jornalista Laís Bellini, que também já atuou na rede Fora do Eixo como produtora de conteúdo, escreveu para apoiar Beatriz. Ela descreve sua experiência com o Fora do Eixo (veja post).
Torturra comentou o texto de Beatriz, em seu Facebook: " a 'integridade', como ela cobrou da rede, é medida sobretudo por grana, ego, logotipos. Mais ligada a uma dinâmica econômica do que um real compromisso com a transformação e com a tolerância ao erro, ao vacilo, até ao calote que um processo tão sério como esse pode, e vai, gerar" (veja texto).
O jornalista e cantor Márvio dos Anjos esteve no circuito de festivais da organização, com sua banda Cabaret. Ele escreveu sobre o assunto. "Repugnante é ver alguém se arvorar a Robin Hood pós-moderno, enquanto sistematicamente atrasa, oculta e sonega os cachês que foram combinados", opinou em seu blog (veja o relato completo).

O cantor cearense Daniel Peixoto, conhecido por ter cantado na banda Montage, denunciou o Fora do Eixo. "Eles poderiam sim era contar o que fizeram comigo e meu disco, esse sim lançado pelo Fora do Eixo. Poderiam dizer também onde foi parar meu dinheiro com as vendas do meu álbum, que até hoje nunca vi 1 real desse dinheiro", escreveu Peixoto, em sua página no Facebook (veja o post completo).
Felipe Altenfelder, produtor do Fora do Eixo, respondeu por meio do site Overmundo. "Daniel destila um ponto de vista leviano e difamador para analisar uma relação construida dentro do mercado independente", escreveu Altenfelder. "Foi apresentado que o valor total correspondente a 475 discos eram de responsabilidade da casa fora do eixo de São Paulo garantindo que cada coletivo pudesse distribuir os discos para Radios Comunitarias, DJs, jornais e etc em cada cidade" (veja o texto).
Capilé divulgou comunicado no site oficial do Fora do Eixo, com comentários sobre os textos críticos publicados por pessoas que já foram ligadas ao coletivo. O texto é dividido em tópicos, que sintetizam os principais assuntos comentados nas redes sociais. A rede afirma que ela "como outros coletivos e organizações, é baseada tanto em dinâmicas horizontais quanto na valorização de diversas lideranças".
Segundo eles, "nenhum morador, colaborador, parceiro ou qualquer pessoa relacionada aos coletivos da rede jamais foi submetido a trabalho escravo. A adesão a qualquer atividade e/ou projeto da rede se dá de forma livre, consciente e esclarecida". O comunicado assegura que "a rede Fora do Eixo não possui filiação nem alinhamento compulsório a qualquer partido político". Em outra parte do comunicado, o coletivo explica que "acessa recursos públicos disponíveis através de editais e concursos" e que "a rede é um ambiente de produção colaborativa e compartilhada" (veja o comunicado do Fora do Eixo).

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