sábado, 27 de julho de 2013

Como funcionam os ataques de tubarão
por Ed Grabianowski - traduzido por HowStuffWorks Brasil


Anatomia de um ataque de tubarão

Uma característica dos tubarões é que eles têm olhos sem vida, olhos negros como os de uma boneca. Quando ele se aproxima de você, nem parece estar vivo, até ele te morder e aqueles olhos negros se revirarem e ficarem brancos...  - Quint, "Jaws" ("Mandíbulas") Raramente há algum aviso. O surfista ou nadador movimenta os braços sem ter idéia do que está prestes a acontecer. O primeiro sinal é um impacto enorme e súbito, quando o tubarão se lança em direção à vítima. Os grandes tubarões-brancos são conhecidos por atacar leões-marinhos ao ponto de saltarem completamente para fora d`água com a presa em suas mandíbulas. No livro "Shark Attacks" ("Ataques de tubarão"), a salva-vidas grávida Dawn Schaumann relembra quando foi atacada, a cerca de 100 metros da costa da Flórida, em 1993: "Um tubarão me mordeu com tanta força que pareceu um enorme caminhão", disse ela. "Meu primeiro pensamento foi: minha hora chegou".
O surfista Kenny Doudt foi atacado por um tubarão branco na costa de Oregon, em 1979. Ele descreve o ataque em seu livro, "Surfing With the Great White Shark" ("Surfando com o grande tubarão-branco"): "Eu ouvi um ronco abafado quando as imensas mandíbulas do tubarão se cravaram em minhas costas, pressionando a prancha contra o meu peito. O tubarão me puxou um metro sob a água, mas não conseguiu me manter lá embaixo devido à flutuação da prancha de surfe. Senti uma enorme pressão no meu peito e ouvi as costelas se quebrando e a parte interna da prancha sendo mastigada".


Foto cedida Carl Roessler
Um grande tubarão-branco tentou fazer uma refeição com
Kenny Doudt e sua prancha de surfe
O ataque aconteceu como se o tubarão estivesse se alimentando normalmente. Os tubarões brancos atacam os leões-marinhos por baixo, com uma única mordida potente, arrastando a presa para dentro da água. Depois, eles permitem que a presa debilitada flutue na água e sangre até morrer para depois de alguns minutos retornarem para terminar sua refeição. No caso de Doudt, o tubarão não conseguiu realizar sua mordida inicial por causa da prancha, mas continuou tentando por cerca de 20 segundos. "Eu me senti completamente indefeso, quando o meu corpo inteiro foi erguido bem acima da água, depois jogado de volta para baixo da superfície", ele recorda.
Posteriormente, o tubarão soltou Doudt. Apesar de ter temido um ataque subseqüente enquanto nadava na costa, o tubarão se afastou e não atacou novamente. O tubarão deve ter percebido que um surfista e uma prancha não seriam uma boa refeição. Os tubarões-brancos são muito exigentes com o que comem: se recusam a comer coisas que não sejam suas presas usuais depois de uma mordida inicial.
Porém, existem muitas espécies de tubarão e cada uma tem suas características específicas. Os ataques de tubarão em águas marinhas profundas geralmente não são ataques do tipo atacar-e-correr. Nos casos em que as as vítimas freqüentemente são sobreviventes de navios afundados ou quedas de avião, os tubarões circulam o cenário. Eles então golpeiam as vítimas das extremidades do grupo ou aqueles que já estão feridos, antes de atacarem com mordidas.


Foto cedida Marinha dos Estados Unidos, Arquivos nacionais
Sobreviventes do USS Indianapolis
seguindo para um hospital após seu resgate
Um dos mais famosos ataques de tubarão foi o ocorrido com o USS Indianapolis, afundado por torpedos japoneses no Oceano Pacífico, em 1945. Foram necessários muitos dias para que as equipes de resgate chegassem até o navio. Quando a equipe de resgate da Marinha chegou, somente 317, dos mais de quase mil sobreviventes do naufrágio inicial, ainda estavam vivos. Os tubarões-tigres foram responsáveis pela maioria das mortes.


Foto cedida Carl Roessler
Um tubarão-tigre
O tubarão-touro também é conhecido por seu atípico comportamento de ataque. Ele tem esse nome em parte devido à persistência de seu ataque circulando-o, atacando-o novamente e repetindo o padrão. Uma garota de 14 anos que recentemente foi atacada por um tubarão na costa da Flórida foi vítima de um tubarão-touro que não soltou sua perna mesmo quando alguém chegou para ajudá-la. Ele continuou circulando e atacando, e até avançou na pessoa do resgate.

Mito número 2 sobre os tubarões:
eles são violentas máquinas comedoras
Os filmes de Hollywood e as notícias de jornal deram aos tubarões uma reputação de criaturas violentas, sem cérebro, que agem como mísseis aquáticos: eles simplesmente nadam até atacar um alvo e depois comê-lo. Existem duas razões para este mito:
  1. os tubarões-tigres parecem comer de tudo e há várias histórias sobre objetos estranhos encontrados em seus estômagos;
  2. na verdade, não sabemos muito sobre os tubarões. Eles são extremamente difíceis de serem estudados e freqüentemente os únicos comportamentos que testemunhamos são suas refeições na superfície.
Simplesmente porque não conhecemos os complexos comportamentos dos tubarões, não significa que eles não existam. Por exemplo, sabemos que algumas espécies têm hierarquias sociais complexas, que eles diferenciam presas de não presas e também usam diferentes estratégias de ataque para cada tipo de presa.
Um ataque de tubarão pode ter conseqüências trágicas em uma pessoa. Em alguns casos, a mordida inicial é poderosa o suficiente para arrancar um membro completamente. O cirurgião que operou um surfista adolescente na Austrália descreveu a perda da perna do rapaz como se tivesse sido "cortada com guilhotina". Os tubarões podem gerar mais de 40 toneladas de pressão por centímetro quadrado, medida na ponta de um dente. As espécies grandes podem ter mandíbulas muito mais potentes.
A mordida de um grande tubarão-branco fez um corte que vai do ombro até o quadril no pescador Rodney Fox que, na oportunidade, estava com um arpão. O ataque ocorreu em 1963, perto de Adelaide, Austrália. Fox sobreviveu, apesar de ter levado 462 pontos e ter sido submetido a uma cirurgia reparadora com duração de quatro horas.
Porém, as vítimas de ataque de tubarão não morrem do súbito ferimento traumático. Elas geralmente sangram até morrer. Até a vítima ser levada à praia, passam-se alguns minutos e até a equipe de emergência chegar, perde-se mais tempo. A diferença entre a vida e a morte geralmente é ter alguém no local que saiba como deter a perda de sangue, e nessa hora, cada segundo é importante. No caso de um garoto que foi atacado, em 2005, na costa de Cape San Blas, Flórida, um médico e uma enfermeira em férias pressionaram uma artéria em sua perna, o que o ajudou a sobreviver.
Estranhamente, um dos perigos potenciais de se nadar no oceano também pode ajudar as vítimas de ataque de tubarão a sobreviver. Quando alguém é atacado em águas frias, a temperatura de seu corpo pode baixar muito. Essa queda na temperatura diminui as funções do corpo, incluindo a perda de sangue. Isto pode ajudar a vítima a sobreviver por períodos mais longos.
Depois que a vítima recebe o atendimento de emergência, há um outro perigo: a infecção. As bocas dos tubarões e a água do oceano não são limpas. Uma mordida de tubarão inevitavelmente deixa bactérias nocivas na ferida, o que pode ser tão mortal quanto a própria mordida. Felizmente, os antibióticos modernos ajudam a proteger as vítimas dessas infecções.
Descobriremos quais são os tubarões mais perigosos do mundo na próxima seção.

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