•
• atualizado às 19h47
Manifestantes querem a ilegalidade do decreto que institui a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo no Rio
Cerca de 100 manifestantes se concentraram na tarde
desta quarta-feira na Cinelândia, região central do Rio de Janeiro, para
protestar novamente contra o governador do Estado, Sérgio Cabral. Eles
pretendiam ir ao Ministério Público (MP) para pedir a ilegalidade do
decreto de Cabral, que institui a Comissão Especial de Investigação de
Atos de Vandalismo. Pouco antes das 19h, a PM já estimava qua havia 700
participantes em marcha.
Além disso, eles querem pedir Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPIs) da Copa, da Delta e dos helicópteros, além de
solicitar que o MP se posicione claramente sobre os movimentos. Eles
carregavam faixas contra o Estatuto do Nascituro, a chamada
bolsa-estupro, que defende a alteração do Código Penal brasileiro para
considerar o aborto como crime hediondo, proibir em todos os casos, além
de proibir o congelamento, descarte e comércio de embriões humanos, com
a única finalidade de serem suas células transplantadas em adultos
doentes.
"A pretensão é ser recebido pelo procurador-geral do MP,
Marfran Vieira, e entregar nossas reivindicações. Lo que o pessoal do
Anonymous disse que nós nos escolhemos, o que é mentira, não sou líder
de nada. Participo quando acho que vale à pena. Se alguém vem mascarado,
tem todo o direito, pois quem vem mascarado pode não fazer nada e quem
vem sem máscara pode vir disposto a tudo", disse o biólogo marinho Pedro
Mattos, 25 anos, de Niterói (RJ).
A estudante de Ciências Sociais Mariana Rio, 24 anos,
espera que o MP concorde com as exigências. "Sou do Fórum de Lutas e
todos podem participar, até partidos políticos, tanto que temos um
representante do PSTU escolhido. Esperamos que o MP concorde com nossas
exigências, mas vamos seguir nas ruas, apoiando outros movimentos.
Cabral está com medo e perdendo apoios".O protesto era acompanhado por
cerca de 50 policiais, por advogados da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e por advogados dos manifestantes. Além disso, defensores estarão
de plantão na porta da 5ª Delegacia, no centro do Rio, para o caso de
algum manifestante ser preso. Depois de passar pelo Ministério Público, o
protesto vai marchar em direção à Assembleia Legislativa do Rio, que
está de recesso e volta ao trabalho a partir de amanhã.
Pouco antes das 18h, começou a marcha em diração ao MP e
policiais passaram a revistar mochilas de mascarados. Os manifestantes
gritavam: "Cabral é ditador, revista o P2", se referindo aos agentes
inflitrados nos protestos. Outros gritos ouvidos eram "Não aguento mais,
Sérgio Cabral e Eduardo Paes" e "Ei, PM, cadê o Amarildo". O grupo
Anonymous toma a frente da manifestação, que caminha pela avenida Rio
Branco, escoltada pela polícia.
Mais cedo o secretário de Segurança do Rio, José Mariano
Beltrame, disse que a polícia está aprendendo pouco a pouco a lidar com
as manifestações. "Os protestos eram algo novo há até bem pouco tempo e
a polícia está aprendendo. Ela já está se comportando de uma maneira
melhor, ainda tentando encontrar o limite, uma linha que é bem tênue e
complicada”, disse ele.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A
mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril,
milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para
protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado.
Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A
grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para
todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que
foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos.
Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já
inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa
do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos
em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A
onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de
questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um
movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do
regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é
um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.