3/8/2013 às 00h30 (Atualizado em 3/8/2013 às 11h00)
Ex-presidente afirma que mudanças no País na última década elevaram exigências do povo
Lula disse que Brasil ainda age da "forma antiga para fazer política"
Juliana Knobel/02.08.2013/Estadão Conteúdo
— O que aconteceu no Brasil pegou de surpresa todos os partidos, o movimento sindical e movimento social. Porque ainda agimos da forma antiga para fazer política. O movimento sindical nem sequer tem uma comunicação pela internet, com todo dinheiro que tem. Fomos ficando velhos, e nos perguntamos como a juventude participa dos nossos partidos.
Para o ex-presidente, as políticas sociais implementadas no País nos últimos dez anos são um dos motivos pelos protestos, já que teriam colocado a população em outro patamar de vida, ampliando suas necessidades e exigências.
— O povo passa a exigir mais serviço público, mais qualidade. Essa é a lógica, e é bom que seja assim para que possamos evoluir também. E não podemos ter medo de defender aquilo que acreditamos.
O ex-presidente disse ainda estar convencido de que “poderemos ter um novo modelo de esquerda, respeitando a cultura de cada país, a história política e o jeito de se organizar”.
— Temos condições de apresentar as coisas novas ao mundo. Não está escrito na cartilha, ela tem que ser construída a cada dia, porque o povo evolui a cada dia.
Lula participou da cerimônia de abertura da 19ª edição do Foro de São Paulo, , que reúne partidos e organizações de esquerda da América Latina. Entre as legendas que integram o Foro no Brasil estão o PT, o PC do B, o PSB e o PDT.
Para ele, a eleição de governantes de esquerda e progressistas em países do continente nos últimos quinze anos deve ser debitada à existência do Foro, criado em 1989.
— Quero debitar parte da chegada da esquerda no poder a essa "cosita" chamada Foro de SP. E devemos muito aos companheiros cubanos. Ao contrário do que muita gente conservadora pensa, os cubanos sempre nos ensinaram que o exercício da tolerância entre nós e a convivência pacífica entre os setores de esquerda era a única possibilidade de avançarmos no continente.
Lula disse aos participantes que o Foro precisa ser melhor organizado, para facilitar a comunicação entre seus membros.
— Temos que pensar uma nova forma de comunicação entre nós. Não podemos apenas ficar chorando os problemas da mídia conservadora em cada país. Não podemos reclamar que nossos adversários usam a mídia contra nós. Temos a chance de criar instrumentos de comunicação entre nós e não ficar devendo favor a ninguém em qualquer lugar do mundo.
O ex-presidente fez menção ao Consenso de Washington, conjunto de medidas que os países deviam seguir para conseguir empréstimos junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), para ressaltar a importância da integração latino-americana para comandar a governança global.
— Esse consenso passou a balizar o mundo. Pois eu acho que está na hora de construirmos o consenso das esquerdas na América Latina.
Apesar de a cerimônia de abertura ter ocorrida apenas nesta sexta, o Foro teve início na última segunda-feira (29) e vai até o próximo domingo (4). É esperada a presença do presidente boliviano Evo Morales na cerimônia de encerramento.
Entre os debates programados, há um sobre políticas públicas para a juventude e o papel dos jovens na "defesa dos projetos de governo dos partidos membros do Foro", inspirado pelas manifestações que tomaram as ruas do País em junho.
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